Aos professores de almas enormes
Por Lúcia
Serafim
Ensinar
é uma prática social ou, como assinalava Freire (1974) uma ação cultural, pois se
concretiza na interação entre educadores e alunos, refletindo assim a cultura e
o contexto social a que pertencem. Portanto, não se pode reduzir o conceito da
prática educativa a somente ações de responsabilidade do professor que,
normalmente, se estabelecem em sala de aula em relação a questões pontuais.
O
ato de educar, a ação educativa, transcende às ações dos professores e
extrapola os limites físicos da sala de aula. O ensino como ação educativa não
deve ser colocado como algo apenas da esfera da escola. O processo de ensino
permeia todos os níveis de nossas vidas e da sociedade e, ao olharmos para qual
é o papel do docente na atualidade devemos ter em mente a ideia de formação de
sujeitos aptos a atenderem às exigências de uma vida em sociedade. Significa
perceber o processo de ensino em expressões de aprendizagem, como um processo
de construção – através da ação reflexiva - de um sujeito consciente de seu
papel social, tolerante e respeitador das diferenças, que sabe coexistir... e
que traz em si qualidades de renovação para que seja elo de uma época que se transforma.
Como
Paulo Freire afirmava, temos que nos lembrar que toda ação educativa deve ser feita
no sentido de levar o homem a refletir sobre seu papel no mundo e assim, ser
capaz de mudar este mundo e a si próprio.
Sou
consciente das agruras de nossa profissão, mas consciente sou também de que apesar
de todos os percalços, de todas as dificuldades, é na luta que a VITÓRIA DE NOSSA
PROFISSÃO SE CONSTITUI, porque somos Mestres para todos aqueles que estão
diariamente em nossas salas de aulas e corredores das escolas da vida.
E por assim crer relembro hoje exatamente daquele dia em que ganhei do
meu pai um quadro negro grande em boa madeira como presente pelos
meus 10 anos de idade. Ele me disse que a partir dali eu não precisava mais
estar escrevendo nas paredes para ensinar as tarefas das colegas do Grupo
escolar D. Manoel na minha cidade em Fortaleza. Lugar onde eu estudava e brincava muito... , lugar que
tanto amava e que todos os dias me imbuía do papel de professora dos colegas.
Se para tantos e tantas ser professor ou professora é motivo de pesar para
mim foi e continua sendo motivo de viver, de aprender, de compartilhar, de
descobrir-se fazendo, repensando, de lutar por um mundo melhor, convicta
de que a realidade tomada como conteúdo e como referência são desafios para os
fortes, para os que não se curvam e nem se vendem abandonando aquilo que
consideram valor fundamental " Ser humano".
Nesta
caminhar que não se finda, ora me apoio, ora me debato, ora me alegro, me
politizo mais ainda e só há justificativa para tudo isso, quando continuo
afirmando meu desejo constituído "SOU EDUCADORA DE UM NOVO
TEMPO".
E nesta
data, neste dia nosso, em que professores e professoras erguem com coragem a
bandeira da efetiva luta pela educação competente e séria neste nosso
país para todos nós ergo meus aplausos e pelas palavras do saudoso Freire
desejo que neste dia 15 de outubro sejamos todos e todas um continente de
braços que se abraçam pelo nosso dia-a-dia.“Sou professor a favor da decência
contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade
contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de
esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação,
contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou
professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria
na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou
professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela
some se não cuido do saber que devo ensinar se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste”. (Paulo Freire, mestre de todos nós).
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela
some se não cuido do saber que devo ensinar se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste”. (Paulo Freire, mestre de todos nós).